segunda-feira, 28 de março de 2011

Desabafo!

Bateu a porta e sumiu, na verdade seu silêncio sempre me incomodou, porém dessa vez eu desejava aquele silêncio e aquele olhar que me condenada e desafiava. Sem mais, se foi. Logo depois do episódio ocorrido naquela noite, eu só quis tomar meu café tradicional de sempre e fingir pra mim mesma que aquilo não havia acontecido, que tudo se resolveria quando eu deitasse pra dormir. Foi assim por longos dias. Deitei e liguei o rádio na primeira música, é, era a nossa música, curioso o fato das perseguições quando você tenta desfocar. Deitada naquele vago espaço olhando pro céu pensei na minha vida toda, flashes, histórias, momentos, confissões, e um pulo, não preguei o olho. Caminhei quase parando até a sala iluminada pela lua cheia e sentei no piso frio, esperei a campainha tocar, ou o bater de palmas, ou um grito pelo meu nome, esperei demais. E sabe, eu queria ter te contado, mas você não pôde me ouvir, corri quilômetros, enfrentei problemas bem maiores, desafiei quem não podia, quebrei todas as regras, e fiz isso por você. Mas eu cansei de correr nessa trilha sem fim, na verdade eu vou me sentar e curar essas cicatrizes que arrumei no meio do caminho. Não tenho o hábito de desistir, mas vou me permitir entender que nem sempre as coisas são ao nosso modo.

'Talvez a gente se encontre, talvez a gente encontre explicação'

domingo, 13 de março de 2011

Vazio!

Acordei cedo, num pulo só.
Sem pensar em nada, fui extintivamente até a janela, velho hábito que tenho desde sempre.
Observei o céu ainda escuro, nas poças de chuva na rua a lua ainda refletia.
A cama bagunçada atrás de mim poderia definir o que se passava no meu interior, bagunça. Poderia chamar transtorno pra alguns, carência pra outros, mas pra mim se definia em uma só palavra: vazio.
O vazio em questão pode encaminhar-se a mil significados, o vazio é cheio por outro ângulo. Mas ali naquele quarto cor de penumbra o vazio cabia em qualquer canto, qualquer pedaço. Cabia desde em cima da cama como nos retratos pendurados na parede, desde o sofá cheio de roupas até o meu olhar perdido, tentando encontrar teus passos pela rua molhada.
Vazio era meu pensamento sem você por perto e mais vazio ainda eram as explicações, vazia e inexistentes. A única parte não vazia era aquilo que eu ainda carregava e mantinha vivo dentro de mim, como se cuidasse de uma vida frágil, porém de fragilidade não havia nada, era bem mais forte que quem o cuidava.
Se foi assim, silenciosamente, sem me dar explicações, me abandonou como se abandona uma criança na estação de trem, sem rumo, sem acreditar, acordei sozinha mais uma vez.
E o vazio? Bom espero que carregue um pouco dele na sua mala, porque de vazio eu já estou farta.