um mar de águas que desaguam no abismo,
o abismo de medo, desse mundo lúdico
que eu mesmo criei pra sair dos dias de sobriedade,
pra distrair a saudade que cai sobre mim em forma de chuva fria,
refresca na mesma medida que faz mal,
Mas vamos vivendo, disfarçando a verdade,
escondendo a saudade debaixo de olhos baixos,
Vamos seguindo e com a mentira sorrindo, fingindo não estar só,
dando as mãos à solidão e idealizando ser um par,
e presos nesse mundo fantasioso, fazemos os dias durarem mais,
revertemos o desespero, façamos tudo com exagero pra nos sentirmos melhor.
Mais abraços preenchidos, e menos noites vazias,
mais sorrisos sinceros e menos covardia,
mais amor, do que dor,
a mesma dor que cega e cala, a dor que vai esmagando aos pouquinhos,
mais dias no ano, mais primavera e verão,
eu quero mais, bem mais desse mundo lúdico,
menos realidade e mais ficção,
menos teoria e mais coração,
E amanhã, quando eu for me deitar, quero estar de novo lá,
no meu mundo inventado,
que me protege de qualquer sombra,
e que me assombra por ser tão perfeito.