segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Eu Volto!

'Me disse que já voltava. Desapareceu.
Se foi tão rápido quanto a dor que me abateu depois.
Essa casa ficou tão cheia do vazio que você deixou,
tão farta do nada que eu me tornei sem a sua presença.'



Estava lá eu, novamente sentada no chão frio do quarto, rodeada por mil cartas, cifras, fotografias e papéis de balas e bombons, mais uma vez cercada de passado.Eu não pensei bem no que estava fazendo, somente acordei decidida a sair dalí. Já me sentia figurante da minha própria história, uma mancha negra num bloco de carnaval. Sai sem pensar.

Eu sei, foram poucos minutos até eu me arrepender, aliás, já quando abri a porta silenciosa os primeiros vestígios de culpa e arrependimento me assombravam, como se dissessem 'não vá, vais se arrepender...', por horas gritavam, mas depois sumiram, deixando-me apenas com o silêncio da dúvida.

Já muito distante, sentí que o celular no meu bolso tocava, novamente a nossa canção, eu sabia que já havia notado minha ausência, é isso que as pessoas sentem quando perdem não é? Foi assim que me senti, apesar de eu ter feito a escolha.

Só tinha olhos pra mim, antes, pois agora tinha para outras, assim como os beijos que eram só meus, tinham outras bocas. Me senti deslocada.
Antes de sair, verifiquei se as janelas estavam bem fechadas, o tempo feio lá fora anunciava um tormenta em breve, dei comida para o cachorro, tomei um banho rápido, peguei alguns papéis, documentos, somente o que eu poderia carregar comigo. Me aproximei da porta e ví no painel uma foto nossa que me rasgou por dentro instantaneamente.Voltei. Com toda delicadeza desgrudei as bordas da fotografia do painel, e escrevi no verso dela que voltaria, era o peso do arrependimento escrevendo por mim, deixando claro que eu só precisava chegar até a primeira esquina e 'voltar' de fato. Fui embora. Mal trapida, cabelos bagunçados no rosto, uma camisa velha e algumas lembrancinhas que o arrependimento me fez carregar.
Haviam em torno de seis chamadas perdidas, o número era o mesmo, o nosso número. Mas de nada adiantaram, isso só quis fazer-me afastar ainda mais, talvez eu me sentisse no direito de pensar que quando mais longe, mas falta sentiria e aí sim, eu poderia voltar e me sentir peça fundamental do quebra-cabeças e não o jogador perna de pau do banco de reservas.
Talvez assim, logo eu volte...




'Respirar enfim, um momento só pra mim. E deixar a vida acontecer.' (♪)

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