quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Persistência.


Tocou o telefone no meio da madrugada, e uma voz triste do outro lado da linha disse que ainda sentia saudades.




Saiu quieta, apagou as luzes e deu passos cuidadosos em direção a porta. No meio do caminho pensou por várias vezes em voltar, se realmente ainda haveria alguma chance, e foi.
O frio de agosto, a chuva de terça, a escuridão do passado, era uma parte da sua história que preferia manter como havia ficado, em pedaços, pequenos fragmentos contando histórias grandiosas, de noites sem fim e adeus dados sem vontade.
Em cada degrau que descia, se perguntava se estava fazendo a coisa certa, se deveria mesmo dar uma chance, mas persistiu.
Não deixou nada, nem telefone, nem endereço e muito menos notícias de pra onde iria, somente levou algumas coisas, roupas, pertences, e toda a nossa história.
Recolhi algumas roupas velhas, juntei os discos do chão e tentei coloca-los em ordem, coisa que fiz horas mais tarde comigo mesma, afinal havia se passado tempos, e nada além da sensação de impotência e falta de vigor.
Seguimos o curso, eu aqui e você, sei lá onde, seguimos, espero.
Toda noite vozes silenciosas me diziam que você iria voltar, com um olho no relógio e outro no telefone, eu esperei.
Tentei refazer a cena daquele dia, refiz o seu trajeto, mas não consegui captar a sua rota, nem o porquê da sua partida, mas permaneci ali nos mesmos degraus que você desceu sem saber se queria voltar. E acho que por cansaço ou ressaca moral, acabei dormindo por ali mesmo, quando ouvi algum barulho que eu esperava há tanto tempo, tocou o telefone no meio da madrugada, e uma voz triste do outro lado da linha disse que ainda sentia saudades. Ao fim da conversa, desliguei o telefone e corri até a escada na esperança de vê-la subindo novamente, mas foi persistente, ligou mesmo pra deixar a saudade ainda maior.


ainda tem você na sala (♪)

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