sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Memórias...(♪)

Ela estava sentada, jogada em sua poltrona, com os pés levantados, estava exausta, há tempos se culpava da dor que a prendia.
Ao seu lado, na mesinha, haviam alguns livros, cds e por fim cartas, deviam ser três ou quatro, todas abertas, meio amassadas e amareladas. Uma música calma e tocante a fazia lembrar do que ela tentava esquecer todos os dias, tentativa fracassada, a posição do seu corpo esticado naquela poltrona indicava isso, fracasso, e com as mãos sobre os olhos secava as lágrimas involuntárias e juntava as melhores lembranças pra tentar apagá-las por um tempo somente o tempo de se recompor e estar viva de volta.
No tapete branco as marcas que seu all star sujo deixara, esse que agora estava jogado ao lado de sua bolsa em dos cantos do quarto lilás, um tanto melancólico.
Seu gato no tapete a observava, parecia entender o que se passava e sem fazer nenhum barulho pulou em seu colo e deitou-se confortavelmente sem tirar o olhar do rosto da dona, ela parecia nem ter notado sua presença, permaneceu com as mãos nos olhos, respirando com dificuldade, seu ar parecia estar esgotando. Parou de respirar por alguns segundos, em seguida suspirou fundo como se houvesse descarregado um fardo muito pesado, com uma das mãos afagou carinhosamente o gato, reconheceu a sua preocupação com a tristeza que ela transparecia.
Assim que percebeu que o gato havia dormido colocou-o em sua cama e dirigiu-se até o guarda-roupas. Dali tirou uma pequena caixa rosa, embrulhada em um papel cintilante, abriu-a e tirou de lá uma pequena agenda com capa preta e algumas anotações, abriu na última página, sentou-se novamente na poltrona e começou a ler em voz baixa, quase como um sussurro cada palavra, seguidamente emudeceu, de seus lábios surgiu um sorriso tímido, deitou a cabeça no encosto da poltrona e permaneceu por alguns minutos, levantou-se guardou a velha agenda de volta na caixa e foi sorrindo deitar-se. Afagou, novamente o gato sorrindo a ele.
E assim com o barulho do vento frio lá fora e o som daquela canção marcante fechou seus olhos e dormiu com a certeza de que iria ser diferente sua história enquanto sonhasse. E a música seguia baixinho, fazendo com que o sono da menina e do gato se tornasse mais agradável .
['pois que seja fraqueza então...' ♪]



A alegria que me da isso vai sem eu dizer (♪)

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